quinta-feira, 19 de maio de 2011

Em busca de um sonho..

É galera . . .  
Foram muitas emoções . . .
12 horas de viagem sob condições extremamente adversas. Histórias para contar até para os tataranetos.

DIARIO DE BORDO (horários aproximados):

08:00hs – Encontro com o vendedor / comprador em Santo André (para os que não sabem, ele ficou com a minha Sportster + uma diferença, e levei a Fat Boy dele).

09:00hs – Ida ao cartório para reconhecer as firmas dos recibos de compra e venda das motocas.

10:00hs – Vistoria do seguro no posto da Mapfre mais próximo.

11:00hs – Ida à Auto Star em Sampa para conhecer a loja.

13:00hs – Pé na estrada – Sol, parece que São Pedro não vai abrir os registros hoje. Comprovado: a Fat é show de bola na estrada! Torque de trator em qualquer giro e maciez de suspensão que faz a Sportster parecer uma hard-tail. Impressionante a sexta marcha. Se tiver a 100 por hora parece que o motor vai morrer.

14:00hs – São Pedro sacaneia e resolve começar a abrir os registros – Parada forçada embaixo do primeiro um viaduto que apareceu para colocar a capa de chuva.

15:00hs – Parada no posto de serviço mais próximo pra dar um tempo e verificar se ainda existia alguma parte do corpo seca. A chuva pára e volto para a estrada.

16:00hs – Início de um trecho de mais de 100Km sem nenhum posto nem sinal de celular.  A moto entra na reserva – surge um mal pressentimento.

16:30hs – Dito e feito!  Pane seca a 1Km de um pedágio em uma subida.

16:45hs – Iniciado todo um trabalho de conscientização dos motoristas que passavam: Alguma alma boa iria se sensibilizar com um motoqueiro balançando os braços freneticamente no acostamento e daria uma força avisando o posto de socorro no pedágio logo a frente.  São Pedro não dá uma força e mantém todos os registros abertos. Só passava caminhão e nenhum iria abrir mão do embalo para ajudar um mané qualquer parado no acostamento.

17:00hs – Almas caridosas existem ! Pára um cavalo-mecânico que atende meu pedido para avisar o socorro no pedágio. Penso que agora meus problemas seriam resolvidos.

17:30hs – Nenhum sinal do socorro. Deu vontade pedir o dinheiro do pedágio de volta. Volto a fazer o trabalho de conscientização. 3 caras param e atendem o mesmo pedido, teoricamente atendido pelo primeiro.

17:45hs – Deixo a Fat parada e caminho até o topo do morro para ver se conseguia sinal de celular. Nada. Percebo que dali até o pedágio percorre-se uma leve descida. Se conseguisse levá-la até ali......

18:00hs – Nenhum sinal do socorro. Resolvo tentar empurrar a “bicicleta” de 350Kg moro acima. Tinha que ser aos poucos, senão eu infartava. Empurrava um pouquinho, descansava um pouquinho . . . .

18:45hs – Quase chegando no topo do morro foi a vez do meu combustível acabar. Tentava enxergar uma saída daquele purgatório. Pra ajudar, parecia que São Pedro tinha ido dormir deixando a droga dos registros todos abertos. Ai então uni o útil ao agradável: como precisava muito descansar um pouco, me joguei no chão atrás na moto como se tivesse sido envolvido em um acidente. Pronto! Agora sim. Parou carreta no acostamento para me proteger dos carros que vinham; parou ônibus no meio da pista para saber como podia ajudar e não deu nem 20 minutos o resgate já estava no acostamento pronto para atender o “acidentado”.

19:00hs – Lá tô eu dentro da ambulância sendo atendido. A minha pressão tava um pouco alta apesar da pressão da situação estar altíssima. Informei o número do telefone de casa e pedi que passagem um rádio para a central e avisassem a minha mulher que tudo estava bem e que eu iria atrasar. Nessa hora estava pensando que já tinham ligado até pro IML.

19:30hs – Chegou o reboque. A máquina foi passear de caminhão. Andamos a passos de tartaruga mais de 15 Km quando de repente o cara pega um retorno alegando que o posto mais próximo estava na pista contrária. Ótimo. Como se ainda faltasse acontecer mais alguma coisa. . . 

20:00hs – Gasolina no tanque o frentista me pergunta “ O sôr sabe donde que tem di pegá o retorno ?” Ué !!  Como assim?  Ele completa: “ É que si o sôr num pegá esse, vai tê di vortá inté o pedágio”. Vich............   Era um caminho de cascalho e barro que ligava a saída do posto com a outra pista sentido Curitiba. Agora a Fat vai virar trail, então?

21:00hs – Chego num posto onde consigo sinal de celular. Aviso a todos que tudo está bem e a sorte começa a sorrir para mim. São Pedro acorda e fecha tudo. Água agora só daquele spray refrescante vindo da traseira dos caminhões.

22:00hs – A cerca de 70Km de Curitiba, paro para trocar a camiseta e visto também moletom para ajudar a segurar o frio de rachar. Minhas mãos estavam ficando anestesiadas dentro da luva de couro molhada. Muito frio próximo a Curitiba !!!!!   Pelo menos o asfalto estava seco.

23:00hs – Mais uma parada a cerca de 15 Km da descida da serra. Tento voltar a sentir minhas próprias mãos aproveitando o calor do motor. Deixei as luvas sobre o câmbio para, pelo menos, esquentar a água que as encharcava. De longe, parecia um doido próximo de uma moto como se ela fosse ma fogueira.

00:00hs – Já no nível do mar a temperatura do vento dá uma folga para minhas pobres mãozinhas. Chego em casa e vou deixando as roupas caídas pelo chão a caminho do chuveiro. Ufa !!!! 

00:30hs – De banho tomado e barba feita, encerro a aventura enrolado no edredom com minha bela esposa.

Esta é a carta de um leitor que deixaremos a identidade no mais absoluto sigilo.

Mande sua história, a melhor história ganha uma cervejas no Alemão.

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